Há
algum tempo percebo um interesse maior de alunos na construção de uma carreira
acadêmica em Turismo, pensando em desenvolver pesquisas e atuar como
professores em cursos superiores.
Acho
particularmente curioso o interesse, em função de alguns aspectos que, ao que
tudo indica, não são considerados. Escrevi este texto para listar estes
aspectos, e quem sabe contribuir à reflexão e às escolhas profissionais dos
mais jovens.
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as vagas para docentes nas universidades públicas exigem titulação mínima de
Doutor, ou seja, há um caminho relativamente longo a se percorrer entre a
graduação e o doutorado;
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as vagas para docentes em universidades privadas exigem especialização e
mestrado, e nas melhores, o doutorado, o que nos remete ao item anterior;
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as vagas existentes em escolas técnicas buscam professores com experiência na
atividade em que vão ensinar, ou seja, experiência no “mercado” e não na “academia”;
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em quase todo processo seletivo para contratação de docentes, a experiência em
sala de aula, por menor que ela seja, é necessária, uma vez que dominar um
assunto não significa ser bom professor;
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nas primeiras oportunidades, professores são contratados por hora-aula, e em
geral poucas por semana. Hoje, um iniciante que atue por 4 horas semanais
recebe cerca de R$ 500,00 no mês. Isso significa sim que o salário de professor
é ruim;
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a cada novo ano, com as novas tecnologias, alunos chegam com mais informação
que os professores, portanto o desafio é ensinar competências e não conteúdo;
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nos últimos anos, diversos cursos superiores de Turismo encerraram suas
atividades, e seus professores seguem em busca de oportunidades, portanto os
processos seletivos são concorridos e a experiência é critério de classificação.
Com
tudo isso, é muito importante que os interessados na carreira acadêmica
procurem acumular experiências na área em que pretendem ensinar,
preferencialmente nas empresas com mais opções de promoção e/ou circulação entre
funções.
Que empreendam viagens e conheçam o maior número de destinos e
produtos diferentes para poder enriquecer seu próprio repertório e não agir
como repetidores de teorias, muitas vezes defasadas e sem nenhuma relação com a
realidade.
E
finalmente, é muito bom saber que mais pessoas se encantam com a docência. É,
para mim, uma das carreiras mais gratificantes, ainda que mal remuneradas e desvalorizadas.
Alguns desses pontos que foram levantados representam parte da minha decisão por não seguir a carreira acadêmica (ao menos no curto prazo). A realização de um mestrado em uma universidade privada no Brasil hoje é custosa (não sei dizer se é diferente no exterior). O mestrado em uma Universidade pública é para poucos e boa parte das instituições o oferecem em período integral, excluindo portanto uma parte importante da atividade do docente: a experiência prática.
ReplyDeletePenso, sim, em um dia poder dar continuidade à vida acadêmica. Não pelo dinheiro, mas pelo tema, pelo fenômeno. Lazer e Turismo é um curso que modifica a forma dos alunos enxergarem a realidade e seria, no mínimo, extremamente prazeroso contribuir com a produção acadêmica nesse meio.