Thursday 30 October 2014

Das coisas estranhas

Gente muda de opinião o tempo todo.
E isso me parece bom. Ou ótimo.
E gente aprende muito com o passar do tempo.

Eis que eu, particularmente, aprendo mais, ou apreendo mais, ao ganhar distância. O distanciamento mostra coisas esquisitas e me deixa estranhamente inquieta:

- todo mundo incorpora um personagem. Mas alguns mais que outros. O difícil é quando acreditam que são o tal personagem;

- algumas pessoas usam as redes sociais como se estivessem necessariamente falando para uma audiência de fãs. De fãs! É como se houvesse o caixote do Speaker's Corner... não seria mais fácil descer do caixote e falar no mesmo nível? Tratar como iguais, como inteligentes, como não-idiotas?

- e tem quem trai. Claro que informações privilegiadas mudam a leitura, mas é tão evidente. Tão evidente... que me faz pensar não na traição, que esta certamente deve valer a pena, mas sim no medo da mudança do status quo... qual o problema em encerrar uma parceria, uma sociedade, um namoro ou um casamento? Correr risco só pelo prazer do risco? Ou não conseguir lidar com as sociais-consequencias do ato?

Enfim, enfim...

Thursday 11 September 2014

Vergonha alheia define

Eu adoro essa expressão. Vergonha alheia.

E hoje, depois de alguma reflexão, conclui que o que eu sinto não é vergonha alheia. É desapontamento. Eu, no eterno exercício de me colocar no lugar do outro, estaria vermelha de vergonha. 

E em seguida, no também eterno exercício de filme do Indiana Jones, eu me perguntaria: "mas eu faria isso, desse jeito?". E a resposta é, invariavelmente, não.

Não faria, de novo, por tentar me colocar no lugar do outro, por reavaliar as coisas que fiz, e sempre tentar evitar o mesmo erro mais que duas vezes.

A questão é que, ocasionalmente, eu decido confiar nas pessoas e nas imagens que elas criam de si mesmas. E então, saio feliz acreditando que o que a pessoa disse, ela vai fazer... e não faz. 

Não por não querer fazer, mas por pura incompetência ou incapacidade. Nem ela sabe que não dá conta. Acha que dá, por vezes de maneira pretensiosa, mete as caras e bam! dá com a cara na parede.

Com algum distanciamento, hoje eu percebo que não foi por mal. Foi por que eu quis achar que eram pessoas melhores. Não eram. Seguem lá nos mesmos ritos diários, repetindo as mesmas frases, se contentando com o mesmo pouco e achando que melhorar é bobagem.

Mas, para nao colecionar muitos desapontamentos, acho que vou continuar no #vergonhaalheiadefine

Tuesday 8 July 2014

Fiquei triste

Sim, sim, eu  fiquei triste com a derrota da seleção brasileira no jogo de hoje. Mas já passou. Não consigo me importar muito com futebol.  Acho mais interessante a vibração e o que se faz por este esporte, uma quase religião no Brasil.

Mas, como muita gente, pego-me já pensando nas consequências desta derrota. Serão diversas, e pessoas muito mais capazes que eu farão estes comentários. Eu penso é no Turismo. Em um dos jornais de hoje, a jornalista Elisabete Pacheco disse que “o elemento transformador de um país não é o futebol, mas sim a cultura e a educação”. Falou isso ao encerrar matéria sobre o efeito positivo do turismo na economia, especialmente nas cidades-sede.

Deixou claro que os turistas estão buscando o “que eles não tem em seus lugares de origem”, portanto lotam as favelas, os bares com rodas de samba, os espaços que os brasileiros ocupam quando se divertem.

Minha tristeza hoje, além de solidária aos milhões de brasileiros que estão realmente desapontados, é que fizemos pouco (quase nada na verdade) para que a Copa acabasse e ficasse uma sensação de que foi tudo bem, e que as pessoas que aqui estiveram vão dizer para os amigos e parentes voltarem. E mais que isso, muitos dos brasileiros vendo as imagens de lugares lindos e coisas legais por fazer pelo Brasil, resolvessem de fato incluir viagens em suas agendas.


O legado para o Turismo ainda é muito incerto. Os números são impressionantes, mas temos poucas garantias que quem veio voltará. Mas não deixarei de torcer por isso.

Sunday 22 June 2014

Das desimportâncias desta vida

Deve haver um livro de regras que indica que devemos saber o que é importante em nossa vida. Ou quem. E vamos dedicando tempo e empenho para selecionar, priorizar, agradar (ou qualquer que seja o verbo)...

Eis que de repente é melhor olhar para as desimportâncias. 
Sequer sei se tal palavra existe, mas ela é bastante pertinente.

Etiquetei recentemente processos e pessoas como desimportantes. Ou melhor, etiquetei o meu empenho em relação a tais pessoas como desimportantes.

E não é que elas não mereçam, nada disso. Elas apenas não compreendem. Ao menos por enquanto. Falta-lhes repertório ou condição de aceitar que as coisas podem ser, e ainda bem que são, diferentes do modelo antecipado.

E assim, elas se unem a um grupo de desimportantes. Crescente, infelizmente, mas menor que o grupo das importantes...

Friday 13 June 2014

Saudade de quem?

Não raro eu digo que senti saudade. E sinto de fato.
A questão é que a saudade que sinto dificilmente é da pessoa que é hoje. Sinto falta da pessoa (ou das pessoas) que eram, naquele tempo, ou em uma dada oportunidade.

Talvez, de fato, eu sinta saudade de um tempo em que não dispunha de tantos detalhes e informações que fazem com que o alvo da saudade não seja, de fato, a pessoa. É, portanto, uma ideia, uma construção...uma lembrança, simplesmente.


Sunday 1 June 2014

Repetir para validar

Nem todo mundo nasceu para questionar ou para duvidar de tudo o que se apresenta pela frente. Acho que isso até é uma característica que vai sendo desestimulada na educação formal brasileira. "Não faça perguntas, apenas responda o que te perguntam".

Mas que é impressionante o número de pessoas que não só não está disposto a perguntar, como está, na mesma proporção, disposto a repetir os maiores absurdos sem a menor reflexão.

Aí um cientista mais sortudo consegue dar visibilidade a uma leitura tendenciosa que ele tem sobre alimentação, saúde ou qualidade de vida. E consegue escrever algo que acaba sendo publicado. E alguém (na verdade, vários alguéns) leem aquilo e começam a repetir como se fosse um mantra. 
E ai de você (no caso, de mim) se quiser pesquisar um pouco mais e entender que aquilo é um absurdo, como diversos outros que já circularam pelo mundo.

A opção, atualmente, além de pesquisar fontes confiáveis e oferecer a leitura delicadamente para os coleguinhas, mesmo sabendo que nada acontecerá, é lamentar e seguir em frente com outras propostas.

Uma coisa é não saber, o que sempre é possível mudar. A outra é, infelizmente, nem querer saber.

E segue o povo replicando bobagem atrás de bobagem para ver se vira verdade.

Thursday 29 May 2014

Aprender a perdoar

Quem me conhece, já me ouviu falando que eu não alcanço o significado da palavra perdoar.

Se é esquecer, então é esquecer, não perdoar. Se é lembrar, mas não se importar, é sinal que o fato causador da tristeza ou da mágoa ainda está lá.

Perdoar, talvez, seja um exemplo a ser seguido. Algo que a gente aprende primeiro dentro de casa. Ou na escola, ou em algum grupo a que pertencemos. Talvez perdoar seja o oposto exato de guardar mágoas. Talvez.

Mas aí há o envolvimento da memória. E eu, de novo, acho quase impossível apagar passagens fortes da memória, especialmente depois de ter aprendido que sim, a gente deve sempre pensar antes de fazer ou falar alguma coisa, especialmente se sabemos que aquilo pode (e em geral vai) magoar o outro.

Portanto, eu sinto que, em não saber o que é perdoar, eu não posso me oferecer a. Eu posso (e sempre faço) tentar compreender os motivos, e contextualizá-los. E ver se vale a pena tirar a importância ante aos outros componentes de uma relação, qualquer que ela seja.


Tuesday 27 May 2014

Os sem amigos

Sou uma pessoa de teorias. 
Melhor teorias que convicções, creio. Refutar teorias é sempre uma possibilidade; já quebrar convicções é muito mais difícil, e portanto mais dolorido.

Uma das minhas teorias, construída ao longo de muitas conversas com pessoas próximas, é de que amigos sinceros e coerentes são necessário para a manutenção de sua saúde mental.

Eles, com a devida autorização, podem te chamar para uma conversa e dizer que você pisou na bola, que errou, que deveria repensar... ou que exagerou, que está falando (e fazendo) merdas, que está passando dos limites. E a recíproca deve ser verdadeira, do contrário de nada vale a proposta. Vira palestra, vira ditado...

Pelas últimas passeadas que dei pelo facebook, tenho a impressão que minha teoria a) se confirmará logo e b) tem muita gente precisando de amigos.

Thursday 22 May 2014

Retomar antigos projetos

Este blog foi criado quando eu morava na Inglaterra, em 2010.
Quando eu voltei ao Brasil, terminei a pesquisa para o doutorado e deixei ele de lado.
Resolvi voltar hoje, seguindo um valioso conselho de um amigo muito querido.
Vamos ver no que dá.