Friday 30 September 2011

Doutora... doutora? Sim, doutora!

Enfim, doutora. Sim, doutora. DRA.

O título de verdade, não o que vem com a escolha profissional... aquele que só se consegue depois de, no mínimo, 23 anos nos bancos escolares...

Sem demérito a quem fez direito - ou medicina, ou odonto -, ou herda uma fazenda, e já vai sendo chamado de doutor/a por aí.

Mas conquistar o título tem outro sabor.

Na verdade, é o sabor de nem querer (e nem precisar, jamais) ser chamado de doutor ou doutora.

É perceber-se sabendo que ainda falta muito para aprender. Muito mesmo. Uma quantidade incomensurável de informações, de conhecimento, de detalhes, de segredos, de mistérios...

Eu queria conseguir dizer o que é que muda.

Mas na verdade, o título em si não muda nada. Ou melhor, muda o salário, um pouquinho. Aumenta a cobrança, sem dúvida.

Mas, para mim, particularmente, o que mudou, mudou no processo.

Mudou meu jeito de enxergar as pessoas:
- quanto mais citações de autores, menos experiência de vida;
- quanto mais extremismo, menos felicidade;
- quanto mais preconceito, menos inteligência;
- quanto mais prepotência, menos amigos;
- quanto mais encastelamento, menos respeito... muito menos.

Eu posso dizer que, se aprendi algo nesses anos, foi a reconhecer o valor das amizades. Eu não passaria pelo processo sem os meus amigos. Ou melhor, eu não resistiria ao processo se os meus verdadeiros amigos não me lembrassem, o tempo todo, que a minha competência estava no que eu fazia (e sigo fazendo) pelas pessoas que me cercam - e não pelo que as pessoas de uma dada área esperam que eu faça.

Portanto, mais uma vez, agradeço humildemente ao apoio INACREDITÁVEL e INDESCRITÍVEL dos meus amigos e amigas. Aos que acreditaram em mim, quando eu mesma já estava desistindo. Que não se deixaram convencer pela força de meus argumentos contra mim. E que foram, dia após dia, apontando quais pedrinhas poderiam ficar melhor na pavimentação da minha história.

Aos amigos-amigos, aos amigos-alunos, aos amigos-colegas, aos amigos-familiares.

Eu só sou o que sou, porque vocês estão aqui. Obrigada. MESMO.

Saturday 3 September 2011

Boa viagem, Sarah!

Logo nos primeiros dias do curso de Turismo na ECA/USP, em 1994, tive contato com alguns professores que foram muito importantes na minha formação. Uma delas, a Prof. Sarah Bacal, foi a responsável por me indicar para minha primeira entrevista de emprego em São Paulo, que foi bem sucedida, e portanto marcou minha entrada no mercado de trabalho, ainda caloura.

Fui aluna da Prof. Sarah por pelo menos 2 anos. Confesso que lembro-me mais do carinho que ela tinha por sua poodle do que das aulas, efetivamente.

Ela sempre me deu carona de volta, deixando-me mais próxima de casa, o que, sem dúvida, acabou se constituindo no melhor contato professor-aluno. Nesses momentos, me indicava livros, me provocava, me fazia pensar muito.

Passam-se os anos e assisto-a argumentando sobre a ousadia da tese de livre-docência do Prof. Trigo. Foi uma das falas mais audaciosas e modernas que eu já ouvi em prol da inovação em pesquisas.



Há cerca de 3 anos, estivemos juntas uma última vez, em uma comemoração onde vários outros pesquisadores estavam juntos. Sarah falou, junto do Prof. Mario Beni... foi cumprimentada e aplaudida, bem como o Prof. Beni, por terem acreditado no Turismo quando ninguém falava do tema.

Sarah Bacal nos deixou na noite de ontem. É uma notícia triste, sem dúvida.
Mas ela deixou sementes em muitos pesquisadores e certamente será lembrada com carinho e admiração.

Boa viagem, querida Sarah!